No dia 11 março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu como uma pandemia o surto de infecção causado pelo novo coronavírus. É inquestionável a alta taxa de mortalidade por covid-19, e os portadores de doenças crônicas pré-existentes, como a hipertensão, apresentam a versão acentuada da infecção, sendo considerados pela OMS como integrantes do grupo de risco. A hipertensão, popularmente conhecida como pressão alta, é uma doença crônica caracterizada pelos altos níveis da pressão sanguínea nas artérias. As consequências ocasionadas pelos níveis pressóricos elevados ao longo do dia resultam na sobrecarga cardíaca e deterioração de diversos órgãos, predispondo diversas doenças como: acidente vascular cerebral (AVC), infarto agudo do miocárdio ou síndrome coronária aguda, insuficiência renal, disfunção sexual, trombose, varizes e aneurismas.
A OMS estima que aproximadamente 30% da população brasileira com idade superior a 40 anos tenha a pressão arterial elevada, sendo que metade deste grupo não sabe que convive com esta doença. Visto que a hipertensão é silenciosa e há um grupo que pode apresentar pressão alta sem repercussões graves, as campanhas de doenças crônicas e os exames de rotina são essenciais para o diagnóstico e controle da pressão alta.
Por conta da pandemia, medidas preventivas como campanhas ou atendimentos ambulatoriais foram afetados durante o período de isolamento social. Como consequência, estudos revelaram que neste período houve um aumento significativo nos atendimentos em emergência devido às complicações ocasionadas pela hipertensão grave. As principais causas apontadas para este aumento incluem:
- Estresse Emocional: O aumento da tensão psicológica neste período de pandemia com isolamento social contribui como estímulo hormonal para ativação e elevação da pressão para doença e sintomas (dor de cabeça intensa e tontura) em indivíduos com predisposição ou hipertensão não controlada. Gatilhos estes vividos por grande parte da população, relacionados ao medo do contágio e da morte, ansiedade, tristeza profunda e excesso de preocupação com questões econômicas, trabalhistas e familiares;
- Déficit no acompanhamento ambulatorial: A redução de atendimentos ambulatoriais está associada às medidas preventivas de contaminação, as quais incluem redução de pacientes na sala de espera e restrições de circulação em períodos de lockdown. Este fator reduz as ocorrências de orientações médicas, podendo causar irregularidades no consumo de medicamentos devido à redução do acesso às receitas e aos ajustes. Em adição, a ausência de orientação médica pode aumentar os riscos do abandono indevido de anti-hipertensivos e diagnósticos da doença;
- Mudança de Hábito: Estudos demonstraram aumento do peso e maior ingestão de calorias. Estes fatores estão associados à diminuição de atividades físicas com consequente aumento do estilo de vida sedentário devido ao fechamento de academias e à dificuldade de realização de exercícios regulares.
A relação entre a hipertensão e a doença aguda causada pela covid-19 permanece complexa, porém, a pressão alta é considerada uma doença pré-existente mais frequente e está associada a um aumento do risco de morte quando há infecção pelo coronavírus. Sendo assim, medidas preventivas como melhora de hábito alimentar, diminuição de situações de estresse e realização de atividades físicas regulares estão associadas à redução de risco de hipertensão e complicações associadas à covid-19.